Vou compartilhar com vocês uma reportagem do site “Singularidades”, por Gabriela Bandeira. FONTE: http://www.portalsingularidades.com.br/2019/03/05/jovem-cria-serie-de-documentarios-sobre-autistas-no-brasil-e-a-forma-que-arrumei-para-conseguir-me-expressar/?fbclid=IwAR3Iy-T0N1xhOij1s3TikKVVaCbM-K3DmIPQ4HlgUlQhv3czqr_X8BStd_g
“É a forma que arrumei para conseguir me expressar”, afirma Letícia Soares de Freitas sobre a série de documentários que criou para acompanhar autistas de todo Brasil. Aos 25 anos, a jovem faz parte do número cada vez maior de pessoas que recebe diagnóstico tardio de autismo. Durante a semana da mulher, o Portal Singularidades apresenta uma série especial com mulheres autistas em diversas fases da vida, para mostrar suas conquistas e sonhos além do espectro. Intitulado ‘Aspie Aventura’ , o projeto já percorreu cidades como Rio de Janeiro (RJ), Rio das Ostras (RJ), Cabo Frio (RJ), Itanhaém, Diadema (SP), São José dos Campos (SP) e Indaiatuba (SP). Os vídeos, com menos de 10 minutos cada são disponibilizados no YouTube. Diagnóstico tardio Letícia recebeu o diagnóstico de autismo aos 22 anos. Apesar disso, a procura por uma resposta que explicasse porque não conseguia conversar com outras pessoas começou antes. “Com 7 anos já sabia que era diferente das outras crianças. Não conseguia conversar com as pessoas e isso me causou uma depressão. Foi quando procurei ajuda, já estava sofrido pra mim não falar e ter todas aquelas crises”, conta. Ela ainda lembra que não estranhou ao ouvir a palavra ‘autismo’ no diagnóstico médico. Já conhecia o termo dos gibis da Turma da Monica, por causa do personagem André . Na escola, ouviu uma colega de turma dizer que ela parecia autista e decidiu procurar sobre o espectro na internet. “Comecei a pesquisar sobre o assunto, mas parei por não achar informação suficiente. Aos 20 anos voltei a pesquisar e encontrei muito mais informações sobre autismo do que antigamente. Foi aí que comecei a me identificar mais com o autismo”. Série de documentários Criar o ‘Aspie Aventura’ faz parte de um sonho antigo de Letícia – ser cineasta. Para colocar isso em prática, contou com a ajuda de uma psicóloga logo no início da terapia. Juntas, as duas filmavam pequenos documentários. No início, as imagens eram gravadas dentro do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) no qual fazia tratamento. Os temas variavam, desde futebol, inclusão até as paixões da jovem, como Harry Potter. O hobby ajudava Letícia a interagir mais com as pessoas ao redor. “Além de ser uma forma de terapia, também me ajudava a me conectar com o mundo exterior. Meu grande desejo era conhecer pessoas no Brasil todo, porque conhecer pessoas é como conhecer o mundo. Uma ótima sensação para alguém que não se comunicava”, afirma. A ideia de visitar autistas em todo Brasil também faz parte do ativismo pela causa do autismo. Depois que a psicóloga que a atendia se mudou de país, percebeu a dificuldade de outras pessoas em encontrar ajuda e tratamento adequado. Ela ainda propõe que os entrevistados vivam uma aventura juntos. O que significa que pode ser desde ir comer no McDonald’s até conhecer a cidade. “Durante as gravações, meu desafio é socializar. Quando não tem jeito, peço ajuda de alguém pra socializar por mim e interagir comigo”. Para Letícia, o ‘Aspie Aventura’ é mais que um projeto pessoal, sendo importante para que toda sociedade conheça e desmistifique o autismo. “Além de nós autistas estarmos socializando uns com os outros, as outras pessoas também podem estar conhecendo os autistas pela telinha e percebendo que todos podem se desenvolver e seguirem áreas diferentes na vida. Não somos limitados a uma lista de sintomas, somos tudo o que quisermos ser”, afirma.